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  • Foto do escritorAdriana de Arruda

A anorexia também pode ser azul

Atualizado: 10 de mai.




Centavos, quando saem do orçamento de uma família, raramente preocupam. São como as

moedas recebidas de troco e são esquecidas em algum pote ou gaveta até o dia que alguém resolve prestar atenção nelas, contar e se espantar com o tanto que se juntou.

Talvez por causa dos grandes períodos de hiperinflação que passamos ou simplesmente

porque não faça parte de nossa cultura se preocupar com elas...


E o que mais estamos deixando de prestar atenção simplesmente porque não faz parte dos

tempos modernos?

Um telefonema ao invés de uma mensagem de algum aplicativo, um abraço apertado e demorado ao invés de um emoji, um olho no olho ao invés dos dois no celular, escutar o que o outro tem a nos dizer ao invés de simplesmente responder que não temos tempo?


Pois bem, assim como os centavos, os gramas perdidos também não chamam a atenção até o

dia em que se tornam quilos, muitos deles! E ao contrário do passado, os tempos modernos

trazem nos novos ares um aumento crescente de anorexia nos garotos.


E eles, diferente delas que têm a fama de serem mais falantes, são silenciosos. O silêncio é

quebrado não por palavras mas por atitudes e comportamentos: horas de academia, trocas

bruscas das comidas que mais gostam por outras não calóricas, idas sorrateiras ao banheiro

logo após as refeições, lanche deixado intacto na mochila, habilidade extraordinária de ler

aquelas letras miudinhas das embalagens de comida, não ficar na frente de um espelho nem

por decreto, fazer contas de cabeça do número de calorias dos alimentos, e a balança então?

Companheira para todas as horas....ou melhor, todos os minutos.


O olho no olho, o abraço apertado, o jantar junto, o escutar genuinamente, o estar lado a lado segurando a mão, atos tão “fora de moda”, fazem uma baita diferença!


Assim como na natureza ninguém controla a chuva nem o sol, a batalha diária contra as dores

e medos de quem sofre, também terá seu próprio tempo... Brigar com quem está sofrendo,

não vai adiantar ou apressar em nada, o tempo da recuperação.

O liquidificador de angústias, medos e sofrimento, certamente irá lentamente chacoalhar

menos com uma equipe multidisciplinar apertando pacientemente os botões certos, na hora

adequada e sincronicamente juntos: médicx, endocrinologistx, nutricionistx, psicólogx e

psiquiatrx. Todos aos mesmo tempo, se conversando e estudando as melhores estratégias

para cada caso!


No meio deste turbilhão, há ainda uma preocupação sobre os efeitos que os tratamentos

causam no orçamento familiar para que caibam também: equipe, remédios, suplementos,

transporte, roupas, etc durante este longo processo. E independente das condições

econômicas da família, a recuperação vai exigir doses extras de: escolhas, tempo, dedicação,

paciência, resiliência, compaixão, confiança e amor.


Um orçamento temporariamente apertado, bastante provável.

Uma coisa é certa para os envolvidos nesta jornada de superação, assim como as moedas e os gramas, os pequenos gestos farão toda a diferença!


Adriana de Arruda,

Planejadora Financeira Pessoal, CFP ®

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